Incêndios florestais e seus impactos na recarga hídrica no Vale do Jequitinhonha

Incêndios florestais e seus impactos na recarga hídrica no Vale do Jequitinhonha

As queimadas são problema grave e recorrente no Brasil, impactando de forma intensa regiões como o Vale do Jequitinhonha, onde o uso de incêndios criminosos, principalmente em áreas de reflorestamento de eucalipto, agrava ainda mais as dificuldades ambientais. Com o início do período chuvoso, as queimadas, em vez de amenizarem, se tornam ameaça à recarga hídrica. O solo, que deveria captar e armazenar a água das chuvas para sustentar as nascentes, fica comprometido pela destruição da matéria orgânica, essencial para a infiltração da água. Em vez de infiltrar, a água escoa superficialmente, levando consigo nutrientes e provocando erosão, o que reduz a qualidade e a disponibilidade de recursos hídricos. 

• Queimadas e dano ao solo: Implicações para a água

Quando o fogo atinge grandes áreas ele destrói a camada de matéria orgânica do solo, fundamental para absorver e reter a água. Sem essa camada, o solo perde a capacidade de infiltração e se torna impermeável, intensificando o escoamento superficial. Esse fenômeno é especialmente prejudicial em regiões com clima semiárido, onde a água da chuva é preciosa para recarregar o lençol freático e manter as nascentes ativas. O efeito é duplo: menos água para a recarga dos aquíferos e maior degradação dos cursos d’água que, com o excesso de sedimentos e poluentes, têm sua qualidade comprometida.

• Impacto nas reservas naturais e na biodiversidade local

Além dos danos aos solos e recursos hídricos, as queimadas, especialmente as criminosas em áreas de eucalipto, frequentemente escapam e atingem reservas naturais. O fogo invade áreas de preservação, destruindo fauna e flora locais que desempenham papel crucial na manutenção do equilíbrio ambiental da região. A destruição das reservas compromete a regeneração natural das matas e priva a região de uma diversidade biológica que, entre outros benefícios, ajuda na retenção de umidade e na proteção dos mananciais.

• O efeito das queimadas no ciclo hidrológico do Vale

O Vale do Jequitinhonha é uma área que enfrenta desafios históricos de escassez hídrica, e o impacto das queimadas apenas agrava essa situação. O fogo contribui para a desertificação, empobrecendo o solo e dificultando ainda mais a captação e armazenamento de água. Isso se reflete na diminuição da vazão dos rios e na seca de nascentes que, em anos de chuvas cada vez mais irregulares, se tornam vitais para a sobrevivência das comunidades e ecossistemas locais. A falta de infiltração reduz as reservas de água subterrânea, que são fundamentais para a manutenção das nascentes e dos rios perenes da região.

• A importância da conscientização e de medidas preventivas

É urgente que a sociedade e as autoridades locais se mobilizem para combater as queimadas, com ações de fiscalização e conscientização que desestimulem o uso de fogo, principalmente em reflorestamentos e pastagens. A criação de políticas públicas que incentivem o reflorestamento, o manejo sustentável e o controle das queimadas são medidas essenciais para garantir a preservação do solo e a sustentabilidade dos recursos hídricos no Vale do Jequitinhonha.

As queimadas não só destroem o presente, mas também ameaçam o futuro. Proteger o solo e as nascentes é garantir que as futuras gerações tenham acesso a um recurso que já é escasso: a água.

Jadir Silva – Engenheiro Ambiental na Ambiente Rural Engenharia

Contato: (38) 99946-1484

 

 

 

 

 

 

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